Qual
a religião que feriu Paris?
By Gedeon Martins
Seria
salutar meditar no aconteceu na “cidade luz”. Temos um quadro desenhado com
horror, sangue e lágrimas, que nos estimula a retaliação e ao ódio recíproco. Mais
um atentado, com centenas de mortos e feridos na contabilidade, com grupos
islâmicos orgulhosos de sua obra “santa” e com a pergunta de todo o globo
terrestre deve estar fazendo: “de onde vem tanto ódio?”. Os historiadores,
neste momento, mostrarão toda a história do islã, o dia que começaram as
peregrinações a Meca, o profeta e coisa e tal; os psicólogos, falarão dos
pontos de fixação, das teorias de Freud e Cia, e de toda complexidade da alma
humana; Os sociólogos falarão de Marx e de todas as frases fora de contexto
deste messias do socialismo (messias sem cruz e socialismo sem social); pois
bem, teorias tem muitas, mas todos se esquecem de um fato: A religião que feriu
Paris foi a religião do ódio que cultuamos todos os dias na nossa intimidade.
O
livro que mais entende da alma humana é a Bíblia (concordem ou não os ateus),
pois é neste livro que mostra a mais franca realidade de nossa alma: inveja
pelo que não tem e ódio pelos que possuem. Fica evidente isso na história de
Caim e Abel. Irmão que matou o outro apenas porque Deus se agradou mais do
sacrifício daquele em detrimento deste. A inveja de Caim resultou em uma fúria
implacável, sem remorso e gratuito contra o irmão de sangue, que tivera como
único pecado fazer o que era certo. Abel não era de outra nação, ou de outra
religião, ou ideologia; era irmão, mesmo sangue, mesmo terra e mesma religião.
Foi a inveja, a cobiça que reside em nós que produziu o primeiro homicídio da
história. Tiago 3.16 diz que “onde há inveja e sentimento faccioso, aí há
confusão e toda espécie de coisas ruins”[1]. A inveja é a mola de
propulsão de toda a violência produzida pelo homem. Em seu livro “inveja e
gratidão”, a psicanalista Melanie Klein diz que o ser humano se motiva pela
inveja e que a inveja é o principal combustível do sensu de onipotência
residente neste. Isso significa que usamos a inveja para nos sentirmos melhores
que todos e para justificar as nossas atrocidades. Klein[2] continua afirmando que o
homem só pode Civilizar-se quando for despojado da sua onipotência, que por sua
vez só acontece pela culpa.
Conseguimos
assim desenhar o quatro (opaco é claro, mas aproximado) da religião que reside
em nós. Posso até brincar, uma trindade desumana: inveja, sentimento de
onipotência e violência para obter o que cobiça (revisando a trindade: inveja,
onipotência e violência). Essa trindade malévola não é vista apenas entre os
terrorista (ou você pensava que eu iria desenhar todo restante da humanidade
como livres desse mal, incluindo eu e você? De jeito nenhum!), reside no pai
que espanca os filhos, no marido que violenta a esposa, da mulher que destrata
a família, dos políticos corruptos, dos sacerdotes levianos, dos profissionais
relaxados, dos servidores públicos negligentes. Todos! Inclusive você que fica
destilando ódio no Facebook e fazendo postagem que fala que todos tem inveja de
você (na verdade essa sua atitude pode muito bem ser chamado de transferência:
você atribui aos outros o que está em você), como se o mundo não fosse girar se
você não existisse (falando nisso, só uma notícia: o mundo vai continuar
girando mesmo sem você e eu, ok?). A religião do ódio está sendo vista nessa
sociedade pós-moderna que eliminou Deus de seu contexto e agora estamos
colhendo os frutos dessa violência contra nossa alma.
O
que fazer? A resposta é óbvia: Voltar ao fabricante! A nossa alma precisa do
criador para voltar a ter paz e poder oferecer paz aos outros. Você que é
cristão, que tem a Bíblia com sua regra de fé e prática, leia a Bíblia. Mas não
leia como se fosse um amuleto da sorte, ou como se tivesse consultando uma
cartomante. Leia para alimento da sua alma, para que essa trindade carnal (inveja,
onipotência e ódio) seja vencida pelo Espírito Santo e assim você passe a
aparecer mais com Cristo do que com os Fariseus que perseguiam à Cristo. Se
você ora, não ore pedindo bens materiais, porque são eles que estão
transformando o mundo em um campo de ódio e sangue. Peça a Deus para que você
se alegre em dias de tristeza, tenha paz em dias de guerra e seja satisfeito em
dias de privação. Isso é o Evangelho! Ter a Cristo acima dos bens materiais. Eu
poderia me alongar e despejar um monte de versículos aqui. Mas quero encerrar
dizendo que enquanto a inveja, a onipotência do teu ser e o ódio estiver em
você como donos do teu coração você fará parte da mesma religião que feriu a
Paris.
P.S. Medite em 1 João 2
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