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Programa Verdade e Vida

sábado, 24 de dezembro de 2011

Para 2012


TRATADO 2012

Quero agradecer a todos os leitores deste blog por ter me dado a honra de entrar em seus computadores para transmitir mais informações sobre a Palavra de Deus. Mas, para este ano de 2012 quero deixar diretrizes que deve guiar o nosso blog e as exegeses aqui divulgadas. É um norteador que todos nós Cristãos devemos refletir e ver se vale a pena reafirmar princípio tão antigos ensinados nas Escrituras. São Eles:

1. Reafirmar nossa fé nas Escrituras como nossa regra de fé e prática, contra os dogmas liberais e neo-liberais do presente século. Acreditamos nas Escrituras e todo homem deve prostrar-se diante do seu milenar conselho, como também, de sua inspiração e infabilidade.

2. Defender a família como núcleo primário da sociedade contra todo tipo de ação social, política e religiosa que pregue e contrarie o projeto divino do homem e a mulher serem (numa relação hetero) os agentes de Deus para a constituição de um lar. Isso significa lutar contra o divorcio e outros idéias que firam o princípio Bíblico (e somente bíblico) da família.

3. Proclamar o evangelho do Cristo Ressurreto. Daquele que venceu a morte e voltará para buscar o seu povo Eleito desde a eternidade.

Pequenas diretrizes que nos guiarão no próximo ano.
Deus nos abençoe!

Rev. Gedeon Martins

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Devocional: Bendita Escravidão


BENDITA ESCRAVIDÃO

O apóstolo Paulo descreve essa verdade com clareza nesse versículo primeiro. Ao fazer a sua saudação na introdução da epístola ele usa o substantivo Nominativo Masculino singular “desmios”, que se traduz por prisioneiro, cativo, algemado. O escritor se auto denomina desta forma por considerar as prisões em cristo uma qualidade e não uma desonra. Isso porque o substantivo “desmios” vem sucedendo outro substantivo nominativo, “Paulos". No grego quando um substantivo vem seguido de outro, o segundo toma conotação de adjetivo. E como sabemos que o adjetivo qualifica o sujeito, assim concluímos que “desmios” é uma qualidade, ressaltada pelo autor, de si mesmo.
O escritor usa uma condição literal para exemplificar uma benesse espiritual. Porque, de fato, o apóstolo Paulo estava preso quando escreveu a carta por estar pregando o evangelho. Segundo historiadores, a epístola em questão teria sido escrita por volta do ano 61 d.C. nas prisões da cidade de Roma, com a finalidade de apaziguar o problema do escravo fujão, Onésimo, com o seu senhor, Filemom.
Assim, também, compreendemos o fato do escritor usar a figura de um preso para exemplificar a sua relação com Cristo. Pois desta forma, ele mostra a Filemom que todos os que estão em Cristo são igualmente livres nEle, como também, presos nEle. Mostrando que Onésimo é “irmão caríssimo”v16, e assim que o devia receber.

Filemom 1b “... ao nosso amado e colaborador Filemom...” TIGM.

Paulo ao referir-se à Filemom, descreve duas características do mesmo. Na primeira demonstra o grau da relação entre o escritor e o seu destinatário; na segunda, revela a postura de Filemom diante do evangelho.
Amado, do grego “ágapetós”, que significa ‘amar sacrificialmente’. Em outras palavras, Paulo mostra que o seu amor para o seu discípulo é no nível dos sacrifícios, da doação de vida. Essa forma de amor é exigida para todos os cristãos, não só nos escritos paulinos, como também, em todo o Novo Testamento. Sendo, assim, o escritor declara que o sentimento que possui por seu irmão e discípulo é de sacrifício próprio.
A segunda característica, “colaborador”, do grego “sinergô”, revela uma outra relação, sendo que esta é entre Filemom e o Reino de Deus. Ser um ajudador significa doar, entregar sua vida em prol do evangelho.  Que lições podemos aprender com esse ensino?

1° Estar em Cristo é ser prisioneiro dEle; não é uma privação de liberdade, mas é estar cativo a vontade e valores do Senhor. Sendo assim, Eu só prego aquilo que Ele manda, eu só faço o que Ele manda e só aceito aquilo que o agrada.
2° A minha qualidade está em servir ao Senhor. Nossos talentos só têm utilidade real quando são usados para uma finalidade, a glória de Deus.

3° Todos os que estão em Cristos estão igualados pelas algemas do Senhor. Não existem graus de importâncias na visão de Deus dentro do evangelho. Nós criamos e pioramos as hierarquias por grau de importância e não por organização. Deus faz o inverso, utiliza-se das hierarquias por um princípio organizacional, pois o real valor aos olhos do Senhor destoa daquilo que as pessoas do presente século valorizam.

Concluo dizendo que o prisioneiro de Cristo não se submete a nenhum outro senhor, pois nas algemas de Deus encontramos a liberdade que o mundo não pode nos oferecer.

Por Rev. Gedeon Martins

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ilustração: Carinho é Bom Investimento

CARINHO É BOM INVESTIMENTO
Havia uma pequena aldeia onde não existia dinheiro. Tudo o que as pessoas precisavam para viver feliz elas obtinham trocando CARINHO umas com as outras, simbolizado por um floquinho de algodão.

Era comum as pessoas darem seus floquinhos sem querer nada em troca, pois sabiam que receberiam outros num outro momento, outro dia.

Uma bruxa, que vivia fora da aldeia, convenceu um garoto a não mais dar seus floquinhos. Desta forma ele seria a pessoa mais rica da cidade e teria tudo o que quisesse. Iludido pelas palavras da malvada, o menino, que era uma das pessoas mais populares e queridas da aldeia, passou a juntar seus floquinhos e em pouquíssimo tempo sua casa estava repleta deles, ficando até difícil de se mexer ali.

Quando se deu conta, a cidade já não tinha mais CARINHO. E em seu lugar apareceram coisas ruins como a GANÂNCIA, ROUBO, ÓDIO, XINGAMENTO, INDIFERENÇA.

O menino foi o primeiro a sentir-se TRISTE e SOZINHO e foi procurar a velha para dizer-lhe umas boas, mas não a encontrou. Disposto a reparar o mal, pegou uma grande carriola, colocou todos os seus floquinhos nela e caminhou pela cidade disposto a distribuí-lo graciosamente a todos. Mas as pessoas não recebiam CARINHO a tanto tempo que o olhavam com DESCONFIANÇA.

Por fim, conseguiu distribuir todos eles, mas não recebeu nenhum de volta e ficou um dúvida se tinha feito a coisa certa. Foi quando a ESPERANÇA apareceu e disse-lhe que continuasse até que todos voltassem a se lembrar da importância de dar e receber CARINHO. Ao que ele respondeu: - Não tenho mais CARINHO para dar, minha carriola está vazia.

Tem sim, disse-lhe a ESPERANÇA, sua carriola pode estar vazia, mas seu coração, com certeza, está cheio.

- É verdade, disse o menino, já não me sinto mais triste e sozinho, que mistério é esse?

- Ao distribuir CARINHO, você estava semeando uma boa semente, e todos o que semeiam uma semente tão boa como esta, certamente colherão em abundância.

 


Aquilo que o homem semear, isso também ceifará.
Gálatas 6.7

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Para Meus Alunos: Exposição de Atos


AULA 2 – EXPOSIÇÃO DE ATOS

O TEMA DE ATOS DOS APÓSTOLOS: O ENVIO DOS DISCÍPULOS ATÉ OS CONFINS DA TERRA - Atos 1.1-8 (em sua Terra)
A ASCENSÃO DE JESUS - Atos 1.9-12
A ESPERA EM ORAÇÃO PELA EFUSÃO DO ESPÍRITO - Atos 1.13-14
A ELEIÇÃO PARA A VAGA DO 12º APÓSTOLO - Atos 1.15-26
A VINDA DO ESPÍRITO NO DIA DE PENTECOSTES - Atos 2.1-13
O “SERMÃO PENTECOSTAL” DE PEDRO - Atos 2.14-36
O CHAMADO À CONVERSÃO E SALVAÇÃO - Atos 2.37-41
A VIDA DA PRIMEIRA IGREJA - Atos 2.42-47
A CURA DO COXO - Atos 3.1-10
NOVA PREGAÇÃO NO TEMPLO - Atos 3.11-26
O PRIMEIRO INQUÉRITO DIANTE DO SINÉDRIO - Atos 4.1-22
O RELATO PERANTE A IGREJA E A ORAÇÃO DA IGREJA - Atos 4.23-31
UM SEGUNDO RELATO SOBRE A VIDA DA PRIMEIRA IGREJA - Atos 4.32-37
ANANIAS E SAFIRA - Atos 5.1-11
UM TERCEIRO RELATO SOBRE A VIDA DA PRIMEIRA IGREJA - Atos 5.12-16
O SEGUNDO INTERROGATÓRIO PERANTE O SINÉDRIO - Atos 5.17-42
A ESCOLHA DOS SETE - Atos 6.1-7
ESTÊVÃO E O COMEÇO DO PROCESSO CONTRA ELE - Atos 6.8-15
O DISCURSO DE ESTÊVÃO - Atos 7.1-53
O FIM DE ESTÊVÃO E A PERSEGUIÇÃO DA IGREJA POR SAULO - Atos 7.54-8.3

2.1: Atos 1.1
Atos dos Apóstolos não começa com um “prefácio” propriamente dito, como o evangelho de Lucas. Isso é digno de nota. No evangelho, Lucas pode argumentar que “muitos” já fizeram o que ele também está empreendendo com o seu escrito. Não era nada de novo e extraordinário. Agora, porém, ele apresenta um livro para o qual não havia modelo e que existe como grandeza solitária. Como teria sido plausível que o autor dissesse algo sobre como foi levado a essa nova e audaciosa idéia: retratar a época apostólica numa segunda obra histórica. Ele não diz nada, e de imediato passa ao objeto em si da obra. Distancia-se de qualquer atenção para si mesmo. Contudo aponta para seu primeiro livro. Esse gesto também não está interessado em ressaltar sua realização, nem mesmo em fazer uma correlação literária plausível, mas sim no conteúdo em comum. Desde já somos direcionados na direção correta: está em questão o Único, que ocupa o centro, mesmo quando os “atos dos apóstolos” são relatados. Nesse sentido mais profundo, Atos dos Apóstolos é uma “continuação” do evangelho, e não uma segunda obra independente do autor. Teófilo soube de “todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensinar” por meio do evangelho de Lucas. Agora ele há de ouvir o que Jesus continuou a efetuar e anunciar.

2.2 Atos1.6e7
V.6 Deveríamos perguntar seriamente, por que, afinal, o “reino dos mil anos”, o “reinado dos céus” sobre esta terra não começou imediatamente depois da Páscoa? A solução estava consumada, o pecado do mundo havia sido tirado, a morte tinha sido destituída de seu poder, Satanás estava derrotado, todo o poder fora entregue na mão de Jesus. Não era imperioso que agora viesse o cumprimento das promessas do reino? V.7Por essa razão, a resposta de Jesus aos apóstolos também não contém qualquer conotação de crítica ou repreensão das expectativas em si. Ele somente declara: “Não vos compete conhecer tempos e prazos que o Pai fixou por sua própria autoridade.”

2.3 Atos 1.11
Os discípulos já haviam recebido a ordem, agora não deveriam mais ficar esperando o desfecho daquela história, pois o mesmo Jesus que agora está assunto aos céus votará para buscar a Sua Igreja. De tal forma, que a missão foi nos dada, e nos compete não olhar para os céus na espera da conclusão da cena extraordinária de Jesus subindo, e sim, cumprir a nossa missão para que assim Ele volte.

2.4 Atos1.13
Os discípulos cumprem a ordem de Jesus: “Esperem!” Para isso, recolhem-se ao silêncio oferecido pelo “cenáculo” [recinto superior], diferente das peças da casa no andar de baixo. Lucas afirma expressamente que esse não apenas era um encontro isolado depois da ascensão, mas que levou a uma reunião permanente durante todos os dias. Sim, teremos de imaginar essa casa com a peça no andar superior como sendo o local de permanência constante dos apóstolos enquanto de fato estavam em Jerusalém.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

LAODICÉIA Ap 3.14-22


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À igreja em Laodicéia, 3.14-22
14 Ao anjo (cf. nota 179) da igreja em Laodicéia (cf. nota 180) escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
14 Sobre a indicação dos destinatários e a ordem para escrever, cf. EXCURSO 1a, sobre a auto-apresentação, cf. EXCURSO 1b. Estas coisas diz o Amém. Em 2Co 1.20 ainda se formula de maneira gramaticalmente correta: ―Cristo é o Amém [neutro]‖. Aqui, porém, consta uma abreviação lapidar: o Amém ([masculino] a saber: aquele que se chama ou é Amém). Ponto de partida talvez seja Is 65.16. Deus não apenas jura, Ele próprio é um juramento. Entre Ele e Sua Palavra simplesmente não se pode meter nenhuma cunha, porque nEle não existe um ―entre‖. Seu dizer e ser apóiam-se um sobre o outro e são a mesma coisa. Esse Deus, pois, mostra sua face em Jesus. Quem vê Jesus, consegue contemplar o Amém, ouvir seu juramento, experimentar sua fidelidade.
Esse Senhor depara-se com uma igreja que é totalmente igreja por aparência. Também em outras igrejas ocorrem abismos entre aparência e verdadeiro ser. Aqui, porém, o acusado ainda interrompe presunçosamente para se justificar (v. 17): ―Tenho tudo, não me falta nada‖. Por meio dessa glorificação própria, Laodicéia chega a uma perigosa vizinhança com a Babilônia (Ap 18.7). Sob essas condições, o que seria o testemunho cristão senão mera enxurrada de palavras? Incide, portanto, no âmago dessa verborréia a palavra, o juramento, o Amém.
A testemunha fiel e verdadeira. A ―testemunha fiel‖, reforçada por ―verdadeira‖ (cf. nota 230) deve ser interpretada conforme Ap 1.5, a saber, na sua relação com a Sexta-Feira da Paixão. O Amém que Ele concretiza, o juramento que Seu amor jura, foram selados pelo seu sangue. Todo discurso de Deus em Cristo é consistente em si e aproxima-se dessa igreja morna como eternamente confiável, como fidelidade pura e como amor ardente. Será que esse braseiro poderá incendiar-se em Laodicéia?
A auto-apresentação encerra-se com as palavras: o princípio da criação. De acordo com Cl 1.18 e, sobretudo, com Ap 1.5, é recomendável que essa formulação remeta à Páscoa enquanto fundação do novo mundo. Conseqüentemente, todas as designações possuem profundidade cristológica. Fala-se de Sexta-Feira da Paixão e Páscoa, e o oráculo do vencedor no v. 21 fala da Ascensão. A proclamação dos grandes feitos de Deus emoldura, portanto, a mensagem a Laodicéia.
É evidente que isso acontece intencionalmente diante de uma igreja para a qual nada é tão necessário quanto ser novamente evangelizada. Essa missiva distingue-se das demais pelo fato de que fala incessantemente de Cristo e o aproxima em renovadas formulações da situação da igreja (cf. o comentário sobre os ditos de gravação), pressupondo pouco e não abordando nenhuma correlação bíblica mais profunda. Em contrapartida, refere-se de modo especialmente nítido à situação da igreja. Não é por acaso que evangelistas preferem esse texto.
15 O inquérito judicial (EXCURSO 1c) trata essa igreja como um bloco único. Não há os ―demais‖ (Ap 2.24) ou ―alguns‖ (Ap 3.4 [BLH]) que se mantêm fiéis. Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Água fervente ou fria tem utilidade. Contudo, a quem fortaleceria ou refrescaria água morna? Nessa passagem, ela está sendo oferecida a Cristo, pois ele a degusta em sua boca (v. 16). Ela o repugna. Ele é hóspede em Laodicéia e, com a maior tranqüilidade, os anfitriões servem-lhe água morna. Servem-no com seu serviço lerdo, com seus cultos sonolentos, com orações de ladainhas e com seu cuidado pastoral negligente. Conheço, diz o Senhor diante dessa atividade. Obviamente ele o sabe, pois ele tem de experimentá-lo. Toda a mornidão na comunidade, toda atitude lerda e desligada, também diante das pessoas, fere a ele. O que é feito a um de seus mais humildes irmãos, é praticado contra ele.
Não somente Cristo, também Satanás conhece a maré espiritual baixa da comunidade (cf. o comentário a Ap 3.1). Por isso ele os deixa integralmente em paz. Por isso não se informa nada sobre tentação e perseguição, negação, apostasia ou abalos. Tudo está intacto e tudo se realiza. O quadro de membros não dá razão para preocupações. Sim, os membros mornos consideram o Senhor Jesus Cristo tão inócuo, que nem sequer se desligam.
Quem dera fosses frio ou quente! Essa exclamação denota uma avaliação definida. O grau mais alto é ―quente‖, p. ex., nos termos de Rm 12.11: ―sede fervorosos de espírito‖. Depois segue-se na escala de valores a rejeição clara e fria. No nível mais baixo, porém, está a mornidão. É nele que se abafa de modo suave, mas determinado, o ardor e rugir do Espírito, evitando-se de toda forma ser um adversário. Normalmente, esse caminho intermediário entre os extremos é considerado o ―equilíbrio áureo‖. Contudo, o cristão ―nem a favor nem contra‖ na verdade não se encontra no meio, mas sim em queda livre, no ponto mais baixo da escala de valores.
Entre a acusação e a palavra de ameaça (EXCURSO 1d) normalmente encontra-se o chamado ao arrependimento. Na presente missiva, porém, precipita-se uma ira tão incandescida sobre a situação da comunidade que a ameaça é acrescentada no mesmo fôlego. Isso não significa que não seja mais possível o arrependimento, pois mais adiante segue-se o convite para ele. Antes significa que diante da igreja amornada não se apresenta nenhum Senhor morno. Seu ardor é esperança para todos os mornos.
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Com vistas a quatro igrejas o Senhor dissera: ―Tenho algo contra ti!‖ Agora é declarado: ―Tu me repugnas!‖ Esse é o ápice da condenação. Ainda assim – ele ainda suporta os insuportáveis por algum tempo. Justamente nesse ponto segue-se uma palavra de arrependimento extraordinária (EXCURSO 1d), um lutar e requestar por Laodicéia.
17 Agora a igreja toma a palavra, revelando uma arrasadora ignorância diante do conhecimento de seu Senhor no v. 15: pois dizes: Estou rico e abastado. Foi assim que falou em outra ocasião o rico fazendeiro em Lc 12.19. No presente texto fala um comerciante rico. ―Sim‖, pondera ele, ―tornei-me rico‖. Conhecemos a opinião das pessoas bem-sucedidas, como se refestelam em suas recordações sobre como levantaram seus negócios. No passado assumiram um pequeno comércio, agora possuem uma gigantesca loja de departamentos! A conclusão talvez soe como Zc 11.5: ―Não o consideram pecado algum, e dizem: louvado seja Deus, agora sou rico!‖ (tradução do autor). Da mesma maneira acontece aqui, que a gabolice com o sucesso material transita para a presunção de uma posse religiosa. N preciso de coisa alguma. Em 1Co 12.21 essa formulação ocorre em relação a outro membro da igreja: o irmão não tem nada de significativo para me oferecer. O que ele fala não é importante. Comigo mesmo tenho o suficiente. No presente texto, porém, o orgulho do que providencia tudo por si mesmo levanta-se diante do próprio Senhor. Jo 15.5 é virado de pernas para o ar: ―Sem ti podemos realizar tudo!‖ É assustador formulá-lo dessa maneira, mas quantas vezes isso é praticado na vida (1Co 4.8)! Nessa auto-suficiência diante de Jesus, nesse afastamento do trono de sua graça residem o pecado originário da igreja, bem como o começo do fim.
Entretanto, nem mesmo Sansão notou que sua força o abandonara: e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável (―e nem sabes que és miserável e digno de pena‖ [tradução do autor]). É assim que se apresenta o quadro da realidade do homem ativo nos negócios e conformado com o mundo, que acompanha tudo. Ele está tenso e desgastado, o tipo de atribulado de Mt 11.28 (o mesmo vocábulo em Rm 7.24). Ele deveria chegar a Jesus, porém não o sabe. Ele se considera independente: ―Não careço de nada‖. Contudo, tem necessidade dos remédios e da cura para o coração. Toda vez que alcança o sossego, busca o divertimento e os compromissos, saindo logo de novo às pressas. Sobretudo teria necessidade da compaixão e, finalmente, do arrependimento. E por estar tão sobrecarregado, é digno de pena. A ira não torna Jesus cego para o pecador. Ele preserva o olhar pela pobre criatura. Ela lhe dá pena, e muito mais quando ela mesma não tem consciência de si, mas ainda se auto-engrandece. O estado espiritual é caracterizado com três ilustrações: pobre, cego e nu (cf. abaixo).
18 A esses três pontos enfermos correspondem os três conselhos. Aconselho-te. Talvez haja aqui uma conotação do linguajar comercial. Jesus se apresenta como comerciante (Mt 13.45), oferecendo três especialidades de Laodicéia famosas naquele tempo. Pelo que se evidencia, a igreja entrementes misturou-se intimamente com o mundo que a envolve. Enquanto antes constituía um templo de Deus nessa cidade de lojas, agora ela própria se tornou um estabelecimento comercial (Jo 2.16), estando acomodada ao seu contexto. O espírito de negócios, de compra e de regateio, havia deslocado o Espírito Santo. Por amor à igreja, porém, Jesus se transforma num mercador, que tenta superar todos os seus concorrentes: ―de mim compres, com toda a certeza receberás boa mercadoria‖. Com tenacidade, quase como de um mascate, ele oferece ora isso, ora aquilo, sempre apresentando ao freguês reticente novas mercadorias. O Filho Eterno se rebaixa a um ponto tão humilde. Fez-se um laodicense para os laodicenses, a fim de conquistá-los.
Com o que Laodicéia deverá pagar? Seguramente essa resposta teria de ser respondida com Is 55.1: ―Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite‖ Também Ap 22.17 conhece essa curiosa ―aquisição‖. Com certeza reside nisso um indício dos altos ―preços‖ que o ser humano paga nesse mundo por artigos de pouco valor, comprometendo pureza, honra, paz e saúde. Junto desse novo ―comerciante‖ na verdade se comprará com vantagens, sim, de forma extraordinariamente vantajosa, a saber, de graça. Ele começa com suas ofertas:
De mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres. O ouro dos bancos de Laodicéia tinha boa fama por causa da consistência de seu valor (cf. nota 243). Ao adquiri-lo, o freguês estava bem atendido. Contudo o mercador adverte: ―Todos vocês que se abasteceram do ouro de Laodicéia, são pobres e terrivelmente enganados. Façam rapidamente negócios comigo e tornem-se verdadeiramente ricos.‖ Nesse texto, ―ouro‖ é expressão da verdadeira posse. Todas as missivas às igrejas falaram sobre ter e não ter (nota 185). Cristo faz o balanço. Ele encontra prateleiras totalmente vazias. Contudo, ainda há tempo. Ele quer ajudar a igreja a passar do passivo para o disponível, ou seja, para que tenha amor, fé, serviço, testemunho, esperança (cf. 1Pe 1.7,18; 1Co 12,13).
Vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez. Laodicéia possuía uma indústria têxtil produtiva, sobretudo para tecidos pretos, da moda (cf. nota 243) – Diz-se que os acusados compareciam de preto diante do tribunal. Os condenados eram despidos (aqui, no v. 17; também Jesus foi despido antes da crucificação), réus absolvidos recebiam uma veste branca (cf. o comentário a Ap 3.4). São essas as correlações do nosso texto. O Senhor não deseja a nudez de sua igreja. Ele lhe oferece purificação e absolvição.
E colírio (―pomada‖) para ungires os olhos, a fim de que vejas. No Oriente as doenças nos olhos eram muito freqüentes, causadas pela forte irradiação solar, por constante poeira, exigüidade da água e falta geral de higiene. Por isso havia muitos cegos, muitos médicos de olhos e centenas de diferentes remédios na forma de pomadas, talcos e gotas. Também Laodicéia comercializava uma famosa marca desses produtos (cf. nota 243).
Quando o v. 17 chama a igreja de cega, sintetiza-se toda a miséria. Muitas vezes os cegos são pobres, e os pobres andam precariamente vestidos. A causa da pobreza e nudez reside na cegueira. A cegueira espiritual, da qual o AT fala com tanta freqüência, refere-se ao direito de Deus de fazer reivindicações, às conseqüências da desobediência, bem como à subestimação do pecado e de Satanás. De acordo com Jo 9.41 essa cegueira espiritual acomete aquele que a nega. Imaginemos uma pessoa cega que se porta como se pudesse ver, não permitindo que seja conduzida, nem tateando cautelosamente no seu caminho. ―Não preciso de ninguém, sei fazer tudo sozinho!‖ É essa a desastrosa cegueira que se apresenta no presente texto (v. 17).
Foi por isso que o grande médico de olhos diagnosticou primeiro: ―Estás cego!‖ e agora declara: ―Vendo para ti pomada para os olhos!‖
19 Nesse instante o Senhor tira a máscara do comerciante aplicado aos negócios, revelando-se como aquele que ele é: como amigo de todas as igrejas: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. O amor de amigo (Jo 15.14,15, aqui no v. 20) expressa-se em duas atividades que, na formulação, constituem uma repercussão de Pv 3.12 (e Hb 12.7), mas que novamente devem ser examinadas no seu contexto. Lá elas estão inseridas na relação pai-filho, e naquele contexto a disciplina é sofrer castigo. Contudo, é estranho a João falar de Cristo como o Pai dos discípulos. Igualmente falta no trecho qualquer vestígio de sofrimento por castigo. Por um lado, entre amigos focaliza-se a palavra da verdade: Eu repreendo (―corrijo‖). O amigo rejeita tudo o que não for verdade. Inexoravelmente ele examina as obras e cita de forma aberta o que for imprestável. Segue-se a palavra da punição: Eu disciplino. Ele ameaça com ira ardente, destroça a presunção, exige conseqüências e ordena o arrependimento. Tudo isso se espelha na mensagem à igreja. Ela também está entremeada da busca pela atenção, o chamado para despertar e convidar. Ainda que não seja possível o elogio, nem por isso há falta do amor. Também na ira o Senhor se lembra de sua misericórdia e ―não é com prazer que ele nos causa sofrimento ou dor‖ (Lm 3.33 [BLH]).
Sê, pois, (daqui em diante) zeloso e arrepende-te. A primeira das duas exortações está na forma verbal de continuidade. Aos anos de mornidão (v. 16) devem seguir-se anos de zelo. Que sejam tomados do zelo de Jesus quando purificou o templo (Jo 2.17) e que seja queimado o zelo antigo, impuro, que fez da comunidade uma casa de comércio. Fora com o ativismo afundado no mundo, com o regatear, acumular, trabalhar, correr e apressar-se por nada! O nome, o reino e a vontade de Deus passam a determinar os pensamentos de forma nova.
20 Arrependimento desencadeia-se diante de Cristo, e somente diante dele (EXCURSO 1d): Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa. Na Antigüidade se podia solicitar ingresso numa casa de duas maneiras: ou se batia com uma argola metálica, ou simplesmente se chamava. Aqui ressoam ambos, a batida e a voz, um sinal da premência da vontade. Como é que os laodicenses ouviam a voz de Jesus? Por doença, sofrimento ou acontecimentos históricos? Conforme Jo 10.3,27; 18.37 e sobretudo conforme as sete exortações ―ouça!‖ nos ditos de gravação, cabe considerar o falar do Espírito precisamente nessas mensagens às igrejas. Nelas o Senhor se apresentava e se apresenta às suas igrejas, fazendo ressoar a sua voz.
Embora não lhe faltem chaves (Ap 1.18; 3.7), ele deixa a abertura por conta das próprias pessoas. Distancia-se de todos os meios violentos de penetrar no pecador, abordando-o com o amor mais nobre. Não existem hóspedes mais distintos que ele e seu Espírito. Diante dele pessoas se tornam novamente verdadeiros seres humanos, responsáveis até o extremo. Por isso também são culpadas ao extremo quando trancam esse amor do lado de fora.
Quando Jesus entra no recinto daquele que lhe abre? Na sua segunda vinda? Em passagem alguma é ensinado que o Senhor entra em pessoas isoladas na ocasião de sua volta. Ou será que essa entrada sucede quando se celebra a Ceia do Senhor? Como tentamos evidenciar pela tradução, o texto usa uma palavra muito genérica para falar de uma refeição comunitária, que não deveria ser relacionada de imediato com a celebração da Ceia do Senhor: e cearei com ele. Como comparação devem ser observados versículos de João que falam da vinda do Senhor exaltado por meio do Espírito: Jo 14.23,18; 16.7,13,22. Ele passa imediatamente por cada porta que se abre para ele por meio do arrependimento. Lá dentro não há necessidade de esperar pela próxima celebração da Ceia do Senhor. Sua presença no Espírito Santo (à semelhança de Mt 28.20; 18.20) é caracterizada assim: e cearei com ele, e ele, comigo. Talvez a inversão indique uma troca de papéis. O hóspede torna-se anfitrião. O Jesus que entrou providencia o copo cheio e o pão da vida. Visto que em última análise o arrependimento acontece às suas custas, arrependermo-nos é para nós uma ―obra alegre‖ (Lutero).
21 Aquilo que até aqui caracterizou a última missiva, a saber, a máxima culpa, o mais extremo perigo, o mais insistente chamado ao arrependimento, o mais intenso amor, isso também se prolonga no oráculo do vencedor (EXCURSO 1f): novamente um ápice, a saber, uma promessa mais sublime. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono. O ―comigo‖ do v. 20 prolonga-se até a consumação. ―Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória‖ (Jo 17.24). A comunhão de mesa secreta é transformada em comunhão de trono pública. A ilustração tem sentido por causa das amplas salas dos tronos na Antigüidade. Porém, é tão somente uma ilustração, que tenta expressar o inexprimível. O vencedor é acolhido numa comunhão de trono já existente anteriormente: assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. A partir do cap. 5 o leitor da Bíblia sabe a que data o Senhor está aludindo e de que espécie era essa vitória: Ele venceu na Sexta-Feira da Paixão, quando morreu pelo mundo e também por Laodicéia. É desde então que ele reina (cf. nota 162). Entretanto, sua igreja ainda se encontra na luta da fé, até que também ela possa assentar-se.
O judaísmo ensinava que no céu ninguém além de Deus está sentado. Todos os demais estão de pé. Diante desse pano de fundo essa promessa é intensificada de uma maneira que extrapola todas as medidas e conceitos. O trono de Deus constitui a figura central do Apocalipse de Ap 1.4 a 22.4. Ele é mencionado em 47 passagens. Ele é o ponto de partida de todos os acontecimentos no céu e na terra, no mundo antigo e no novo. Sobre esse trono, porém, Cristo ―preparou um lugar‖ (Jo 14.2) para sua igreja em Laodicéia. Essa palavra é afirmada numa hora em que a igreja ainda é morna. Jesus lhe oferece a última coisa que possui, sua comunhão com o Pai no trono.
22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Que diz o Espírito às igrejas através dessa última mensagem, resumidora? Ele fala de Jesus! Jesus é o Amém [masculino], a fiel testemunha, o Primeiro da criação, o Juiz, o purificador do templo, o comerciante, amigo, hóspede, anfitrião, o vencedor e entronizado, e o Filho. Assim cumpre-se Jo 16.14: ―Ele me glorificará‖, ainda que fale sobre pecado, arrependimento, juízo e salvação.
Não seria espiritualmente correto depreender desses dois capítulos nada mais que ―Tu deves!‖. Eles representam uma imponente nova proclamação do Senhor Jesus, para que sua igreja não se torne uma igreja de aparências. Certamente ela própria está sendo desmascarada nesse processo. Mas igualmente está sendo manifesto aquele que diz: ―Eu sou‖, ―eu conheço‖, ―eu quero‖, ―eu venho, eu dou.‖

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