BENDITA ESCRAVIDÃO
O apóstolo Paulo descreve essa verdade com clareza nesse
versículo primeiro. Ao fazer a sua saudação na introdução da epístola ele usa o
substantivo Nominativo Masculino singular “desmios”, que se traduz por prisioneiro,
cativo, algemado. O escritor se auto denomina desta forma por considerar as
prisões em cristo uma qualidade e não uma desonra. Isso porque o substantivo
“desmios” vem sucedendo outro substantivo nominativo, “Paulos". No grego
quando um substantivo vem seguido de outro, o segundo toma conotação de
adjetivo. E como sabemos que o adjetivo qualifica o sujeito, assim concluímos
que “desmios” é uma qualidade, ressaltada pelo autor, de si mesmo.
O escritor usa uma condição literal para exemplificar uma
benesse espiritual. Porque, de fato, o apóstolo Paulo estava preso quando
escreveu a carta por estar pregando o evangelho. Segundo historiadores, a
epístola em questão teria sido escrita por volta do ano 61 d.C. nas prisões da
cidade de Roma, com a finalidade de apaziguar o problema do escravo fujão,
Onésimo, com o seu senhor, Filemom.
Assim,
também, compreendemos o fato do escritor usar a figura de um preso para
exemplificar a sua relação com Cristo. Pois desta forma, ele mostra a Filemom
que todos os que estão em Cristo são igualmente livres nEle, como também,
presos nEle. Mostrando que Onésimo é “irmão caríssimo”v16, e assim que o devia
receber.
Filemom 1b
“... ao nosso amado e colaborador Filemom...” TIGM.
Paulo ao referir-se à Filemom, descreve duas características
do mesmo. Na primeira demonstra o grau da relação entre o escritor e o seu
destinatário; na segunda, revela a postura de Filemom diante do evangelho.
Amado, do grego “ágapetós”, que significa ‘amar
sacrificialmente’. Em outras palavras, Paulo mostra que o seu amor para o seu
discípulo é no nível dos sacrifícios, da doação de vida. Essa forma de amor é
exigida para todos os cristãos, não só nos escritos paulinos, como também, em
todo o Novo Testamento. Sendo, assim, o escritor declara que o sentimento que
possui por seu irmão e discípulo é de sacrifício próprio.
A segunda característica, “colaborador”, do grego “sinergô”,
revela uma outra relação, sendo que esta é entre Filemom e o Reino de Deus. Ser
um ajudador significa doar, entregar sua vida em prol do evangelho. Que lições podemos aprender com esse ensino?
1° Estar em
Cristo é ser prisioneiro dEle; não é uma privação de liberdade, mas é estar
cativo a vontade e valores do Senhor. Sendo assim, Eu só prego aquilo que Ele
manda, eu só faço o que Ele manda e só aceito aquilo que o agrada.
2° A minha
qualidade está em servir ao Senhor. Nossos talentos só têm utilidade real
quando são usados para uma finalidade, a glória de Deus.
3° Todos os
que estão em Cristos estão igualados pelas algemas do Senhor. Não existem graus
de importâncias na visão de Deus dentro do evangelho. Nós criamos e pioramos as
hierarquias por grau de importância e não por organização. Deus faz o inverso,
utiliza-se das hierarquias por um princípio organizacional, pois o real valor
aos olhos do Senhor destoa daquilo que as pessoas do presente século valorizam.
Concluo
dizendo que o prisioneiro de Cristo não se submete a nenhum outro senhor, pois
nas algemas de Deus encontramos a liberdade que o mundo não pode nos oferecer.
Por Rev. Gedeon Martins
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