CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO
APOSTILA BASEADA NO LIVRO DO AUTOR “WILSON PAROSCHI”
Texto de abertura das aulas de crítica textual do NT para estudantes de bacharel em teologia do Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste em Caruaru
AULA 1
Introdução
A ciência que procura restabelecer o texto original de um trabalho escrito cujo autógrafo não mais exista é denominada crítica textual. Conhecida nos meios seculares por ecdótica, sua aplicação não se restringe ao NT, sendo extensível a qualquer peça de literatura cujo texto original tenha sido eventualmente alterado no processo de cópia e recópia, sobretudo antes da invenção da impressa no século XV. Por sinal, os princípios metodológicos são basicamente os mesmos, exceto, obviamente, aqueles relacionados a características e circunstâncias particulares, se bem que tais exceções muitas vezes podem assumir um papel determinante.
Quanto ao material com que trabalham os críticos textuais, este inclui, no caso específico do NT, não somente as cópias manuscritas dos livros apostólicos na língua original, o grego, mas também antigas versões, bem como citações de passagens bíblicas de antigos escritos. A prática da crítica textual, portanto, exige um conhecimento especializado dos diferentes manuscritos e das respectivas famílias textuais, conhecimento da paleografia grega e do cânon crítico, além do vocabulário e da teologia do autor cujo livro se examina. Só assim serão exeqüíveis a reconstituição da história do texto sagrado da forma mais completa possível e a conseqüente edição de um texto que busque refletir com exatidão os termos do original.
Visto ser necessário o estabelecimento de um texto confiável antes de passar a outros estudos, a crítica textual costumava ser chamada de baixa crítica, como que a representar os níveis primários na estrutura do estudo crítico, em contraposição à alta crítica, que estuda os problemas de composição, incluindo-se o autor, a data, o lugar e as circunstâncias em que foi escrito o material em questão. As expressões “baixa crítica” e “alta crítica”, porém, têm dado margem a objeções por parecerem indicar diferentes graus de importância. Em vista disso, em tempos recentes têm sido substituídas respectivamente pelas expressões “crítica textual” e “crítica histórica”, que melhor descrevem a natureza e os objetivos de ambas as ciências.
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